sábado, 21 de novembro de 2015

Precedentes da Guerra da Sucessão de Espanha (1702-1715) - Castelo Branco

Castelo Branco sofreu bastante nos 60 anos que compõem o período analisado nestes precedentes (1640-1700). A sua posição fronteiriça tornou-o presa fácil para os castelhanos, que atacaram a cidade durante a Guerra da Restauração da Independência e que roubavam gado e cereais por todo o seu termo.

Em 1646 os procuradores de Castelo Branco declararam que a vila perdera já 800 homens e 6800 cabeças de gado, fora os homens que dispensara para o exército. Os cofres estavam depauperados pois aproveitando o facto de receberem o soldo adiantado por dois meses, muitos homens - mesmo forasteiros - alistavam-se, recebiam o soldo e desertavam.

O castelo ficou muito danificado com as guerras da restauração, sendo tomado em 1648. Pouco tempo tiveram os castelhanos posse da fortaleza, pois o exército do centro - sob o comando de D. Sancho Manuel - marchou sobre Castelo Branco libertando-o. (Entrarei em pormenores quando me focar nas guerras da restauração. ;) ).

Com a paz alcançada em 1668, Castelo Branco pôde respirar. Terá sido por esta altura que Fernão Tudela de Castilho, nascido em Castelo Branco por 1631, terá escrito um opúsculo que defendia a legitimidade da revolução que retirou poder a D. Afonso VI, golpe levado a cabo por D. Pedro II que retirou o trono e a mulher ao irmão (como discutido anteriormente noutro artigo). Este pequeno opúsculo terá sido a razão dos imensos favores concedidos a este albicastrense pela coroa: foi encarregado da pacificação da Beira (numa altura em que pouco havia a pacificar), serviu de guia ao Grão Mestre da Ordem Teutónica e em 1674 foi procurador em côrtes por Castelo Branco. Faleceria em 1692.

Em 1680 estaria a situação na Beira tão pacificada que haveria caído em desuso tanger o sino da Câmara à hora de recolher. Provavelmente pelo incómodo que causaria às pessoas que trabalhavam os campos encontrar as portas da vila fechadas ao anoitecer. Devido a vários roubos efectuados a coberto da noite fizeram as justiças de Castelo Branco um requerimento à coroa pedindo que se restabelecesse o uso de 'correr o sino'. D. Pedro II deferiu o pedido a 12 de Agosto de 1682.

Em 1686, a 14 de Agosto, ruiu grande parte do telhado dos então Paços do Conselho (antiga biblioteca, na Praça Luís de Camões, onde também se situa o Arco do Bispo), arruinando quase todo o edifício. Nas lojas (pisos térreos) estavam os depósitos de pólvora e armas de guerra, que foram transferidas para o castelo.

Finalmente em 1698 registou-se uma grave crise alimentícia em todo o termo da vila. Esta crise foi agravada pela cobiça dos produtores e mesmo do clero (que não dispensou o seu dízimo). Os produtores vendo a necessidade agravar-se, aumentaram os preços de forma exorbitante e sem qualquer controlo, tendo o Rei ordenado em provisão de 9 de Junho de 1698, "vender o pão por preços racionais, tendo consideração à pobreza dos compadres e à conveniência dos vendedores". Sendo o mercado de cereais algo monopolista, não ligaram os vendedores à vontade do Rei, tendo a Câmara imposto limites máximos para o preço do centeio e trigo.

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Notem que quase todas as informações acima foram retiradas da Monografia de António Roxo.

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Desculpem a demora nisto, mas estava à espera de ler o livro novo do Coronel António Lopes Pires Nunes, pois podia conter algo de novo sobre esta página da história albicastrense. Excelente livro, mas não tem qualquer referência a esta época.

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