sábado, 24 de outubro de 2015

Precedentes da Guerra da Sucessão de Espanha (1702-1715) - Europa

No fim do Século XVII a Europa estava em completa ebulição.

Portugal tentava ainda reconstruir o Império, sabendo de antemão que não tinha poderio militar para disputar a supremacia marítima com Inglaterra, França, Holanda ou Espanha. Portugal foi muito activo diplomaticamente, tentando entrelaçar a família Real com as grandes famílias reais da Europa (Stuart, Bourbon, Habsburgos) de forma a legitimar a dinastia de Bragança.

Europa após a Páz de Westphalia (1648) source.
O Sacro Império Romano-Germânico é um império cujo Imperador é eleito pelos vários constituintes do império: reinos, ducados, condados, cidades imperiais... O imperador Leopoldo I foi eleito em 1658, 10 anos depois de assinada a Paz de Westphalia. Este acordo mudou a forma como o Sacro Império estava distribuído, sendo concedidas mais liberdades aos vários estados.
Durante o resto do século o Imperador batalhou contra França, Império Otomano (impedindo a queda de Viena e parando efectivamente a expansão otomana na Europa) para além de ter ajudado a Polónia na sua guerra de sucessão com a Suécia. O imperador pertencia à Casa dos Habsburgos ou Casa de Áustria (isto é importante para o desenrolar da história).

 Luís XIV de França. source
O maior opositor do Imperador Leopoldo era o Rei Luís XIV, o Rei-Sol da França, da Casa de Bourbon. Governando com o absolutismo anteriormente implementado pelos Cardeais Richelieu e Mazarin, Luís XIV tornou a França numa nação forte e expansionista. Combateu Ingleses, Holandeses, Imperiais e Espanhóis e tinha uma esfera de influência importante, puxando cordelinhos um pouco por toda a Europa.

Por esta altura a Inglaterra estava num estranho estado de caos. Após um breve período em que foi uma República sob o punho de ferro de Cromwell (1653-1658), Inglaterra teve a sua Restauração da Monarquia em 1660, sendo coroado Carlos II como Rei de Inglaterra, Escócia e Irlanda. Aliando-se ao seu primo direito, o Rei Luís XIV de França, entrou em guerra com a Holanda (Províncias Unidas) pretendendo fazer dessa nação um protectorado inglês. Este conflito iria marcar quase todo o resto deste século. Como repudiou a D. Catarina de Bragança, sua mulher, não deixou descendência real e foi sucedido pelo irmão Jaime em 1683. Este seria o último Stuart a reinar neste século e o último Rei Católico dos reinos de Inglaterra, Irlanda e Escócia. Foi deposto pelo sobrinho, Guilherme III em 1689, que era um príncipe da casa de Orange-Nassau e protestante. Até 1697 Guilherme guerreou com Luís XIV.

Charles II navegando do exílio na Holanda para Inglaterra, source.
Reparem que estou a tentar resumir várias décadas de história e sou forçado a omitir partes importantes. Sinto no entanto que deveria deixar uma nota sobre os vários conflitos religiosos existentes e a forma agressiva como todos eram resolvidos. Parte da Paz de Westphalia implicava liberdade religiosa para os protestantes / luteranos / Calvinistas por todo o Sacro Império, que foi um passo bastante grande e de difícil aceitação para muitos monarcas católicos. Inglaterra de resto temia imenso o retorno do catolicismo a um país que já era maioritariamente protestante. A própria queda do Rei Jaime II de Inglaterra deveu-se ao facto de se suspeitar que era pró-católico (para além de pró-francês), ou seja, quereria reinstaurar o catolicismo romano clássica..

Carlos II de Espanha. source
Espanha estava em clara depressão económica e social devido às mais variadas razões: inúmeras convulsões internas, a separação de Portugal, a tentativa de separação Catalã, as pressões externas (normalmente de Luís XIV), a necessidade de espalhar a frota para proteger todas as colónias das novas potências marítimas, imensas epidemias de peste, fome e guerras (muitas vezes desnecessárias). Não ajudou o facto de D. Carlos II ter uma saúde frágil (supostamente uma degenerescência causada pelos sucessivos casamentos consanguíneos, perfeitamente habituais na Casa dos Habsburgos).

Não me vou expandir muito em relação à República Holandesa, apenas referir que era uma República com um elevado poder Naval chegando, durante as guerras anglo-holandesas, a derrotar a frota inglesa que protegia Londres. Eram portanto um poder a ter em conta na Europa e no mundo.

A França e a Holanda eram por esta altura as grandes potências marítimas, sendo que no final do Século toda a Europa parou num longo suspiro, ao ver como o rei Carlos II de Espanha não conseguia produzir descendência.

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