Vista Tirada da Banda de Noroeste
Duarte d'Armas desenhou ainda outra vista panorâmica da vila de
Castelo Branco em
1509. A vista é a seguinte:
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Imagem 1 - A nomeada Vista de banda de Noroeste do Livro das Fortalezas |
Esta vista mostra a forma como a vila cresceu ao longo do cume para o sopé, no sentido
Nascente. É uma vista com pormenores intrigantes (serão analisados em pormenor noutros
posts), uma vista belíssima que mostra o castelo em toda a sua grandiosidade quinhentista. Impressiona a arquitectura militar, com a presença de barbacã, fosso e matacães. Esta vista será aqui usada de forma exaustiva, pois é um excelente utensílio de análise. E é um privilégio que
Castelo Branco tenha esta prova da sua anterior grandiosidade, e uma infelicidade que não se tenha analisado exaustivamente esta imagem.
Esta vista é tirada de uma direcção
Este,
Este-Sudeste, como mostra a orientação das igrejas (
Igreja de São Miguel). Isto porque a porta principal destas
aponta sempre para
Oeste(
3), este é um elemento que ainda hoje se observa pois, apesar de todas as alterações efectuadas, a orientação da Igreja manteve-se.
Em relação a pontos de referência temos hoje em dia a
Torre do Relógio, o castelo, a muralha que subsiste no cimo da
Rua do Mercado, a que desce o miradouro e a que se esconde detrás do
Jardim Episcopal. Finalmente temos a
Sé Catedral, cujas torres sineiras - por vezes! - se avistam por cima do casario.
Portanto sabendo a orientação, tendo pontos de referência e ainda o conhecimento (adquirido na anterior postagem) da perfeição do desenho de
Duarte d'Armas, vamos tentar saber qual o sítio onde actualmente poderia este estar quando desenhou esta vista.
Veja-se como a posição central do desenho é ocupada pela
Torre dos Templários, com a
Torre do Relógio ligeiramente do lado esquerdo (mais a
Sul portanto). Isto indica sobremaneira a posição do observador.
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Imagem 2 - Imagem de satélite com a indicação de vários pontos de referência e de interesse. |
A imagem acima é uma imagem de satélite na qual marquei:
- A amarelo a localização da Torre dos Templários.
- A vermelho a localização da Torre do Relógio
- A linha laranja indica a direcção provável do desenho de Duarte d'Armas.
Depois temos mais duas circunferências que indicam os sítios de onde foram tiradas as fotografias que passarei a analisar. A
verde a localização da seguinte imagem:
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Imagem 3 - Fotografia tirada de um dos locais analisados, demasiado a Sul. |
Esta imagem está demasiado a
Sul, a
Torre do Relógio está até do lado oposto ao qual deveria estar para coincidir com o desenho de
Duarte d'Armas.
A circunferência
azul indica o local da fotografia seguinte.
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Imagem 4 - Segundo local analisado, ligeiramente a Norte da direcção ideal. |
Note-se nesta imagem 4 a seta
azul que aponta um dos pináculos da
Sé Concatedral, o que indica a sua posição relativa. Tentei sobrepor esta imagem com a vista pois pensei que coincidisse, mas não foi possível, mesmo adulterando bastante o desenho do
Duarte d'Armas.
A conclusão lógica é que a direcção de onde
Duarte d'Armas desenhou a vista estará mais a
Sul deste local (mais para o lado esquerdo relativamente à fotografia). Essa direcção está representada na
Imagem 2 com a
linha laranja.
Ironicamente vivi durante anos num prédio que tinha excelente visibilidade para o castelo, que se situa nessa linha, e não consegui encontrar uma única fotografia dessa altura. Esta postagem demorou imenso a sair pois quis encontrar '
o' sítio exacto, ou um sítio que me permitisse uma sobreposição semelhante à realizada anteriormente, mas apesar de todos os esforços (mesmo muitos), tal não foi possível. A dificuldade prende-se com os prédios que nasceram à volta da
Rotunda Europa, que tapam visibilidade para a
Torre do Relógio.
Apesar de não poder concluir com qualquer certeza esta postagem, sei que futuramente será possível indicar com recurso a um modelo tridimensional a direcção da vista e, consequentemente, o local possível desta belíssima vista.
Sem tempo livre,
Kenny.
Fontes
1 - Armas, Duarte de. Livro das Fortalezas. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Edições INAPA. Lisboa. 1997 (com introdução de Manuel da Silva Castelo Branco).
Imagem 3 - do autor.
Imagem 4 - do autor.
PS: Peço desculpa pelo espaçamento de posts, mas é algo de normal visto que estou em exames e entregas de trabalho desde Dezembro (really!). Apartir de 15 de Fevereiro terei muito mais tempo livre para dedicar a este meu hobby. : )