D. João IV de Portugal, source |
Para conseguir a aceitação de grande parte das maiores potências mundiais Portugal enviou emissários um pouco por toda a Europa, fez tratados - sempre algo desvantajosos - e fez tudo o possível para evitar entrar em conflitos militares.
D. João IV começou logo desde 1640 a tentar estabilizar e fortalecer a sua dinastia entrelaçando-a com as maiores monarquias europeias. Para isso tentava negociar a sua filha, D. Catarina (então com 2 anos, viria a ser Princesa da Beira) como 'vaca da paz', oferecendo a sua mão em troca de estabilidade política. Alguns documentos chegam mesmo a sugerir um casamento com D. Luís XIV, o Rei-Sol francês.
No entanto após a morte de D, João IV e sendo regente a espanhola Luísa de Gusmão (descendente de D. Afonso Henriques) tratou-se do casamento de D. Catarina com D. Carlos II de Inglaterra (que também era Rei da Irlanda e da Escócia), num período conturbado na história inglesa, o período pós-Cromwell. Neste casamento/tratado Portugal cedeu como dote da princesa as fortalezas de Tânger e Bombaim, todas as fortalezas que fossem recuperadas aos holandeses, igualdade de direitos para colonos ingleses em bastantes colónias portuguesas, dividir o comércio da canela e uma avultada quantidade de cruzados - 2 milhões!
D. Catarina de Bragança. source |
Além disso os vários papas que passaram por este período (1640-1668), não reconheciam a dinastia de Bragança, dificultando bastante a vida do Rei João IV e aos seus sucessores imediatos.
Por aqui dá portanto para ver a fragilidade do país nestes tempos conturbados. A nossa armada estava reduzida a menos de uma mão cheia de naus de grande porte, e grande parte do tesouro real foi aplicado em diplomacia e reestruturação militar do país.
Mas não termina por aqui. Em 1640 estava a sucessão garantida na figura do príncipe Teodósio, preparado desde novo para governar e celebrado pelo povo. Mas a morte deste com 19 anos em 1653 devido a uma tuberculose pulmonar tornou herdeiro o príncipe Afonso. Este sofria de uma doença mental mas D. Luísa (regente após a morte de D. João IV até à sua morte em 1666) soube rodeá-lo na corte de pessoas capazes e no seu reinado (1656-1683) foram conseguidas importantes vitórias sobre os castelhanos, sendo D. Afonso VI agraciado com o cognome O Vitorioso.
D. Afonso VI, O Vitorioso. source |
Ainda se surpreendem com a série "Guerra de Tronos"... a história mundial está repleta de insidias piores que qualquer tipo de ficção.
Foi portanto D. Pedro II que acabou por conduzir Portugal pela Guerra da Sucessão de Espanha.
Em sua defesa, deixem-me indicar que foi um regente e um rei absolutamente eficaz na recuperação do reinado, sendo que o Ouro descoberto no Brasil por volta de 1689 foi fundamental na agilização dos planos reais.
Por 1700 o Império Português estava algo depauperado devido às constantes quezílias com os holandeses, originadas pelas guerras com Castela enquanto fazíamos parte da Coroa castelhana. Perdemos imensas possessões na América do Sul, África e na Índia, sendo que Rio de Janeiro e Luanda foram ambas ocupadas por holandeses - até 1654 e 1648 respectivamente. Os holandeses conquistaram ainda nas Índias Ceilão (1648), Cochim (1662) e a costa de Malabar (1663). Ocuparam ainda o Cabo da Boa Esperança onde viriam a criar a Cidade do Cabo, cortando efectivamente rotas portuguesas de abastecimento para a Ásia. Em 1663 foi assinada a paz com os holandeses sendo que os portugueses se comprometeram a pagar 8 milhões de florins ao longo de 40 anos (só a módica quantidade de 63 toneladas de ouro!)
Também os franceses atacaram posições portuguesas na costa do Brasil e ocuparam diversos territórios portugueses nas Índias.
Zanzibar e Mombaça por sua vez caíram em 1698 para as mãos do Sultanado do Omã.
Foramos já expulsos do Japão pelos japoneses pouco antes da Restauração da Independência devido a uma revolta de camponeses cristãos contra o regime Tokugawa cuja culpa seria atribuída aos portugueses e à sua religião.
D. Pedro II, source |
Basicamente em 1700 na Ásia ficámos reduzidos a Diu, Damão, Goa, Timor e Macau.
Em 1683 morreu a Rainha Consorte Maria Isabel de Sabóia, com ligações fortes à corte francesa e, devido à falta de sucessão (D. Pedro II apenas tinha uma filha, de saúde muito frágil) os conselheiros reais aconselharam o Rei a casar de novo, sendo que o contracto foi assinado (literalmente) com Maria Luísa no ano de 1686. Esta era irmã da Imperatriz do Sacro Império Romano-Germânico Leonor Madalena (esposa do Imperador Leopoldo I) e esta patrocinou de resto o casamento.
D. Luís XIV, o Rei-Sol, não gostou deste desenlace, pois aproximava Portugal dos restantes países europeus, todos eles fortes opositores ao regime expansionista francês.
Em 1683 morreu a Rainha Consorte Maria Isabel de Sabóia, com ligações fortes à corte francesa e, devido à falta de sucessão (D. Pedro II apenas tinha uma filha, de saúde muito frágil) os conselheiros reais aconselharam o Rei a casar de novo, sendo que o contracto foi assinado (literalmente) com Maria Luísa no ano de 1686. Esta era irmã da Imperatriz do Sacro Império Romano-Germânico Leonor Madalena (esposa do Imperador Leopoldo I) e esta patrocinou de resto o casamento.
D. Luís XIV, o Rei-Sol, não gostou deste desenlace, pois aproximava Portugal dos restantes países europeus, todos eles fortes opositores ao regime expansionista francês.